Mariposas

Pedin
3 min readJun 1, 2021

A reconstrução de Ravnica foi difícil. Restabelecer toda a ordem, acalmar os cidadãos enfurecidos com as perdas, além lidar com a perda de Gideon. Os meses seguintes foram de constantes confrontos com os sem portões. Pediam explicações sobre os milhares de eternos ainda espalhados pelas ruas e sobre as pessoas que surgiam e sumiam do nada. A união das Guildas se fortaleceu com o final da guerra, mas os sem portões inquietos traziam tantos problemas como antes. Para tentar resolver esses problemas as reuniões com Niv eram quase que diárias.

Confluencia de Mana por Titus Lunter

Aurelia, junto com a legião acalmava, os nervos daqueles que perderam as suas casas, além de designar alguns soldados de confiança para monitorar os diversos distritos. Eu fui para o décimo, minha casa. Estabeleci a ordem em pouco tempo. Com o trabalho conjunto do Conclave Selesnya e dos Clãs Gruul, a reconstrução dos prédios foram rápidas e tudo foi voltando a sua normalidade.

Veterana do Décimo Distrito por Volkan Baǵa

Durante uma das minhas patrulhas diárias, encontrei uma pequena garota, aparente sem portão, perdida em um beco. A pele escura junto com as roupas rasgadas se camuflavam com a pouco luminosidade do local. Primeiramente, me aproximei calmamente tentando manter contato visual constante sem assusta-la. Quanto mais me aproximava, mais dava para ver sua feição estatica. Suas roupas eram trapos velhos, seu cabelo era escuro, curto e encaracolado. Ela carregava uma varinha praticamente da sua altura onde várias mariposas sobrevoavam e pousavam.

Minha visão embaçava a cada passo, mas, por algum motivo, não conseguia mais retornar. Num piscar de olhos, a garota, e tudo em volta, sumiu e me vi em meio a um pântano não existente em Ravnica. Do meu lado carcaças de animais boiavam na água. Não se via o topo das arvores e o chão estava coberto de lama. Não se via nada vivo além dos urubus pendurados nos galhos.

Pântano por John Avon

Andava por meio ao pântano enquanto a garota aparecia e desaparecia num piscar de olhos. Andei até chegar em uma pequena casa. Dentro dela ao fundo, havia um vaso com uma unica flor que ao meu toque se transformou em milhares de mariposas. Nas minhas costas, no meio sa casa, uma enorme estátua de Niv-Mizzet surgiu pelo chão passando pelo teto destruindo a casa por completo. Espíritos surgiram pelo chão escalando a estatua e circundando-a. Uma enorme viera se entrelaçou na estatua, a apertando forte o suficiente para se despedaçar em cima de mim.

Ergui os braços tentando me proteger e senti de novo o sol de Ravnica bater no meu rosto. Apavorada e suando frio, ouvi, do fundo do beco, uma voz doce de uma criança dizendo: “Este é apenas o começo”. Uma pequena mariposa pousou no meu joelho, olhou nos meus olhos e desapareceu como pó levado pela brisa.

Augúrio de Aminatou por Seb McKinnon

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